ANTON PANNEKOEK: TEÓRICO DA AUTOGESTÃO
BREVE
BIOGRAFIA
Anton
Pannekoek nasceu em Vaassen, Holanda, em 02 de janeiro de 1873. Sua família era
das classes privilegiadas e seu pai era ligado ao Partido Liberal, motivo pelo
qual ele iniciou sua participação política no interior do liberalismo. Com o
passar do tempo vai se afastando dessa tendência e ao entrar na universidade
para estudar astronomia, se afasta e passa a atua no Partido Socialdemocrata da
Holanda. Logo se alinha com as tendências dissidentes, que publicavam o jornal
A Tribunal, razão pela qual sua posição e de outros como o poeta Hermann Gorter
passou a ser chamada de “tribunista”. Posteriormente rompe com a
socialdemocracia, após estada na Alemanha, e acaba apoiando o processo
revolucionário alemão e se aliando, junto com outros militantes como Gorter,
Mattick, Rühle, ao Partido Comunista Operário Alemão, que era antiburocrático e
se colocava como não sendo um “partido propriamente dito” e fazendo parte da tendência
conhecida como “comunismo de conselhos”, autogestionária e antileninista e
antissocialdemocrata. Com a derrota da Revolução Alemã e o refluxo do movimento
operário na Europa Ocidental (com as derrotas das demais tentativas de revolução
na Hungria, Itália, e derrota das lutas radicais na Inglaterra, França, etc.),
ele acabou se afastando das lutas políticas proletárias diretas, mas continua
colaborando com os grupos comunistas conselhistas restantes na Holanda, Alemanha
e outros países e produzindo obras sobre o movimento operário. Em 1947 publica
sua grande obra, Os Conselhos Operários.
Assim, até sua morte em 1960, ele continua colaborando com os periódicos
conselhistas e próximos, bem como trabalhando como professor de astronomia,
sendo que desde o início do século 20 é um dos mais renomados astrônomos a
nível mundial.
PRINCIPAIS
OBRAS AUTOGESTIONÁRIAS
Pannekoek
foi um autor prolixo, que escreveu mais de duas mil cartas, uma enorme
quantidade de artigos, diversos livros. A sua obra mais famosa, no entanto, é
História da Astronomia. Também escreveu sobre evolução e darwinismo. As suas
obras voltadas diretamente para as questões políticas principais foram escritas
ao longo do tempo e reproduzindo as fases distintas de seu pensamento político,
como dissidente da socialdemocracia, dissidente do socialismo radical e
comunista conselhista. Desde suas primeiras obras, no entanto, já pensava o
comunismo e o movimento operário de forma distinta do que ficou conhecido pela
abordagem socialdemocrata, amplamente criticada por ele, e pelo bolchevismo,
que ele entrará em confronto com o seu próprio desenvolvimento e atinge o cume
com as notícias da burocratização da Rússia. Sobre autogestão ele produziu uma conjunto
enorme de cartas, artigos e um livro em especial, sendo que diversos artigos
foram posteriormente reunidos e publicados como livros.
A
sua principal obra é justamente o livro “Os Conselhos Operários”, onde ele
sintetiza sua teoria e produção intelectual a partir do impacto da derrota do movimento
operário e dos conselhos operários no início do século 20. Essa obra, que tem
uma parte publicada no Brasil, sob o título A Revolução dos Trabalhadores, se
destaca por haver todo um trabalho de análise dos conselhos e seu significado histórico.
Outra obra publicada no Brasil, que reúne diversos artigos deste autor, no qual
mostra sua crítica aos partidos políticos e aos sindicatos e sua defesa dos
conselhos operários, é Partidos, Sindicatos e Conselhos Operários.
Pannekoek,
assim como Marx, não usou a expressão “autogestão”, que só vai surgir no Maio
de 1968 na França, mas usou termos que possuem o mesmo significado: comunismo, sistema
de conselhos, conselhos operários.
A
posição radical de Anton Pannekoek e sua recusa tanto da socialdemocracia e
bolchevismo, levou seu pensamento a um processo de marginalização dentro do movimento
intitulado “socialista”, especialmente a partir da chamada “bolchevização” dos
partidos comunistas. No entanto, seu nome geralmente emerge nos momentos de radicalização
das lutas, como no Maio de 1968 na França e a partir do movimento antiglobalização
no final dos anos 1990, e ele sempre foi uma referência dentro dos grupos radicais
dissidentes ou antagônicos à esquerda tradicional.
LINKS
PARA LIVROS E ARTIGOS AUTOGESTIONÁRIOS
PANNEKOEK,
Anton. Partidos, Sindicatos e Conselhos
Operários. Rio de Janeiro: Rizoma, 2011.
PANNEKOEK,
Anton. A
Revolução dos Trabalhadores. Florianópolis: Barba Ruiva, 2007.
Veja
também: Leitura
recomendada e Textos, para mais indicações bibliográficas de/sobre Pannekoek e a
autogestão.
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